Quando o assunto é a sua tranquilidade financeira, nós sempre recomendamos a reserva de emergência, também chamado de “colchão financeiro”, entre outras nomenclaturas. No entanto, talvez pela falta de educação financeira que temos no Brasil, poucas pessoas realmente dão importância a esse recurso.

Hoje, nós vamos entender como funciona a montagem de um fundo de reserva pessoal, qual a sua importância e, claro, onde você pode deixar esse dinheiro enquanto ele não se faz necessário para a sua rotina — o que, diga-se, é justamente o cenário ideal.

O que é uma reserva de emergência?

 

A reserva de emergência é uma quantia de capital que você deve reservar pensando em eventualidades e imprevistos. Ela serve, basicamente, para promover tranquilidade para a sua rotina caso você perca sua fonte de renda ou mesmo tenha uma despesa não planejada.

Veja abaixo uma definição do BTG Pactual sobre esse recurso financeiro:

A reserva de emergência, como o próprio nome indica, nada mais é do que aquele montante de dinheiro que precisamos ter à mão em um momento emergencial, como um acidente de carro, a perda de um emprego, alguma reforma inesperada em casa ou até mesmo um falecimento inesperado. Esse recurso guardado é o que garante que a pessoa terá segurança e tranquilidade para quitar seus débitos sem grandes perdas de padrão de vida em momentos de maior dificuldade.

Ela é, portanto, especialmente importante para um freelancer que, afinal, costuma ter uma renda variável de acordo com os projetos nos quais participa mês após mês. As contas, no entanto, continuam chegando com uma certa regularidade. Portanto, criar um fundo para lidar com essas oscilações é mais do que recomendado.

Qual é a importância da reserva de emergência?

A principal razão para a criação de uma reserva de emergência é, como vimos, lidar com maior tranquilidade com as eventualidades da nossa vida financeira. Isso porque, por melhor que seja a sua organização, imprevistos acontecem.

É claro que, a menos que você tenha a capacidade de prever o futuro, não dá para saber quando um determinado problema vai aparecer. No entanto, é possível (e necessário) estar preparado para ele. E esse é o principal objetivo de uma reserva de emergência.

Imagine, por exemplo, que o seu principal cliente não precise mais dos seus serviços. Ou então que a empresa para a qual você trabalha decida por demiti-lo. Não quero deixá-lo assustado, mas são situações possíveis na nossa vida profissional. E, como consequência, a sua renda sofreria um impacto significativo. Como você lidaria então com as suas contas?

É neste ponto que entra a reserva de emergência: separar uma quantidade de dinheiro que permita, em casos de eventualidade, que você tenha capital disponível para honrar com pagamentos e, assim, evitar o endividamento.

Como calcular a minha reserva de emergência?

Engana-se quem pensa que apenas profissionais com renda 100% variável que devem se preocupar com a formulação de uma reserva de emergência. Esse é um recurso válido para qualquer pessoa, independente da sua ocupação ou da sua classe social.

O que vai variar de casa para caso é a quantia destinada à reserva de emergência. Podemos considerar que o capital guardado para as eventualidades deve ser proporcional ao risco do seu trabalho, utilizando entre três e doze meses das suas despesas médias.

Ou seja, se a sua atividade profissional é mais estável, garantindo uma renda mesmo em caso de demissão (como um seguro desemprego), três meses será mais do que suficiente para evitar qualquer susto. Já para quem lida com maior risco nas suas receitas, a recomendação é para garantir de seis a doze meses dos seus gastos recorrentes.

De qualquer forma, uma vez definido o período que a sua reserva de emergência deve garantir das suas despesas mensais, basta fazer uma multiplicação simples. Veja alguns exemplos a seguir considerando um gasto médio de R$3.000:

  • 3 meses: 3 x 3.000 = 9.000
  • 6 meses: 6 x 3.000 = 18.000
  • 12 meses: 12 x 3.000 = 36.000

Como montar uma reserva de emergência?

Se você nunca se preocupou em reservar uma parcela dos seus ganhos para cobrir eventuais despesas inesperadas ou a perda da sua fonte de renda, talvez os valores calculados anteriormente assustem um pouco. No entanto, o que realmente importa é começar, mesmo que isso demore um tempo.

Sendo assim, até que você alcance os valores necessários para o seu objetivo com a reserva de emergência, o funcionamento deve ser poupar uma parcela do seu salário para a sua reserva financeira. Pode ser 5%, 10%, 15% ou qualquer outra parcela do seu salário.

Uma dica bacana é que, finalizado o processo de criar a sua reserva de emergência, você pode manter esse hábito de poupar para começar a investir pensando na sua aposentadoria. É um ótimo exercício para a sua saúde financeira.

Onde deixar o dinheiro da reserva de emergência?

A montagem de uma reserva de emergência não significa que o dinheiro será utilizado no curto prazo. O melhor, aliás, é que você nunca precise dele para pagar as suas contas. Sendo assim, o que podemos fazer é deixá-lo investido. Desta forma, enquanto ele não se faz necessário, podemos valorizá-lo.

No entanto, é fundamental que você compreenda que o objetivo de uma reserva de emergência não é rentabilidade, mas sim segurança. Assim, para ajudá-lo a escolher onde deixar o seu dinheiro, preparei algumas opções de investimentos que sejam adequadas. No entanto, eles devem seguir algumas “regras de ouro”. São elas:

  • O investimento deve oferecer segurança, mesmo que abra mão da rentabilidade.
  • O rendimento deve ser diário, para não perdermos os ganhos acumulados em caso de um resgate.
  • O ativo precisa oferecer liquidez diária, permitindo que você receba o dinheiro em no máximo um dia.

Dentro dessas características, nós temos algumas oportunidades de investimentos para manter a reserva de emergência. Vamos conhecê-las.

Tesouro Direto

receitasA primeira e melhor possibilidade para deixar o seu dinheiro é o Tesouro Direto, nome popular dado a um título de renda fixa oferecido pelo governo, a Letra Financeira do Tesouro (LFT). Aqui, você “empresta” seu dinheiro para uma das instituições com menor risco de crédito, isto é, o próprio Governo Federal.

Além disso, a remuneração acompanha a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil. Isso já o torna mais atrativo que a tradicional caderneta de poupança, oferecendo ganhos maiores. Ao mesmo tempo, também apresenta liquidez diária, permitindo o resgate com muita facilidade.

Títulos bancários

Alguns títulos bancários também podem ajudar a guardar o dinheiro da sua reserva de emergência. Entre eles estão o Certificado de Depósito Bancário (CDB), as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

Todos eles informam a sua rentabilidade como percentual do CDI, uma taxa muito próxima da Taxa Selic. Assim, também batem com certa facilidade a caderneta de poupança em termos de ganho financeiro.

A diferença entre eles é que a LCA e a LCI são investimentos cujo dinheiro deve ser usado em segmentos importantes para a economia brasileira — o setor agrícola e o setor imobiliário, respectivamente. Desta forma, eles possuem uma vantagem importante: a isenção do Imposto de Renda. Fique atento a esse detalhe ao comparar taxas.

Por fim, certifique-se também de que os ativos oferecem liquidez diária, pois o resgate facilitado é uma das regras de ouro de investimentos que podemos utilizar para deixar o dinheiro da nossa reserva de emergência. Lembre-se sempre: a rentabilidade é um bônus, não um objetivo nesse tipo de aplicação.

Fundos DI

Se você prefere deixar seu dinheiro em fundos de investimentos, a alternativa em termos de renda fixa são os chamados fundos DI. Essa categoria de fundo recebe esse nome em função do seu objetivo que é replicar um benchmark (nome técnico de um indicador ou índice). É o caso, por exemplo, da Taxa Selic e do CDI, ambos mencionados anteriormente.

Além do perfil mais seguro ao investidor, um fundo DI oferece, geralmente, liquidez diária. Não é o caso de outras categorias de fundos de investimentos, que pedem alguns dias para a devolução do seu dinheiro. Evite-os quando o assunto for a sua reserva de emergência, pois pode acontecer de você precisar do dinheiro e demorar para recebê-lo.

NuConta

Finalmente, temos ainda a NuConta, que é a conta corrente oferecida pelo Nubank. A vantagem aqui é ter liquidez máxima (o dinheiro, afinal, está pronto para uso) ao mesmo tempo em que você tem uma rentabilidade melhor do que a poupança, pois a NuConta acompanha 100% do CDI.

Comece ainda hoje a organizar a sua reserva de emergência

Como vimos ao longo do artigo, um freelancer precisa organizar uma boa reserva de emergência para lidar com a instabilidade financeira sem sustos. Se você ainda não tem uma, comece a organizar a partir de agora, sem pressa, mas com comprometimento.

Há um conceito muito útil do livro Os Axiomas de Zurique que pode ajudar a entender a necessidade desse processo: o pessimismo construtivo. Não é pensar de maneira negativa, esperando o pior, mas sim de saber o que fazer caso esse pior realmente venha a acontecer. Planejamento, afinal, é tudo na vida.

 

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