Se você utiliza dos workplaces para encontrar trabalho freelancer, então muito provavelmente já se deparou com um grande inimigo: os baixos preços praticados por concorrentes. Essa é uma situação bastante desanimadora e que pode fazer com que você faça escolhas muito ruins — como baixar demais o seu valor para não ficar sem trabalho.
Apesar de ser, de fato, um problema dessas plataformas, é preciso mensurar alguns pontos antes de chegar a uma conclusão sobre “culpados”. Se esse é um assunto que te incomoda, o artigo de hoje pretende trazer algumas reflexões sobre o tema.
Por que os preços são tão baixos em workplaces?
O primeiro aspecto a considerar sobre preços baixos em workplaces é o próprio ambiente. Vale lembrar, esse sites de trabalho freelancer têm por objetivo reunir clientes e profissionais, cobrando uma taxa pela intermediação.
Isso já traz um cenário bem claro: a plataforma quer volume de negociação, não oferecer qualidade. Sendo assim, para um workplace, pouco importa se você tem graduação, currículo e afins: quem quiser trabalhar pode perfeitamente criar um perfil e começar a enviar propostas. Há, inclusive, proibições de contato externo, impedido a divulgação de um site, por exemplo.
Esse não é um cenário positivo para quem trabalha profissionalmente como freelancer. Representa que, na busca por projetos, você irá concorrer com outros freelas consolidados, mas também com pessoas que buscam renda extra ou, até pior, iniciantes que só querem um pouco de dinheiro para gastar no final de semana.
Nem preciso dizer que essa junção entre “não profissionais” e o grande volume de cadastrados nas plataformas gera preços absolutamente desproporcionais, certo? A chamada “prostituição de preços”, portanto, tem sua razão de existir. Mas, afinal, de quem é a culpa?
De quem é a culpa dos preços baixos em workplaces?
Pessoalmente, penso que podemos dividir essa responsabilidade sobre preços baixos em workplaces por todos os envolvidos no processo. Isso mesmo: vejo uma contribuição negativa de todas as partes interessadas, inclusive nós mesmos.
Abaixo, tentei compartilhar um pouco dessa visão e das responsabilidades que levem aos preços baixos praticados nesses projetos:
- Workplaces: os sites são os principais responsáveis. Como eles só querem gerar volume de comissões, não realizam filtros ou exigências para cadastro. Isso traz uma qualificação muito discutível e, naturalmente, os preços oferecidos são condizentes com esse grau de profissionalismo.
- Concorrentes: para os nossos concorrentes que aceitam trabalhar por valores tão baixos, cabe a responsabilidade de não valorizar o próprio trabalho. É inviável manter a produtividade e pagar contas nesse patamar de precificação. Além disso, prejudica a categoria como um todo, pois transmite a sensação de quem busca renda extra — e não um profissional independente.
E nós, que vivemos trabalhando de forma autônoma? Acredito que a nossa responsabilidade está em não perceber que, talvez, esse não seja o ambiente correto para buscar novos projetos. Ou que, pelo menos, clientes que olham apenas para preço não deveriam ser o nosso público-alvo.
Uma vez que você concorde comigo, então não há motivo para se irritar. Essa prostituição de preços se dá para uma categoria de clientes que não busca o trabalho de um profissional. E, pessoalmente, também prefiro não participar de projetos em que não exista um direcionamento claro, querendo apenas algo barato.
Como lidar com a concorrência em workplaces?
Outro ponto importante a considerar está no fato de que a concorrência vai existir em qualquer cenário. Buscando por projetos em workplaces ou fora deles, diversos freelancers estão constantemente procurando por oportunidades.
E, em qualquer cenário, aprender a lidar com concorrência é um fator fundamental. Não adianta culpar o mercado pela dificuldade em conseguir novos projetos: é preciso saber como gerenciar essas questões, algo que inclui a procura por clientes certos para o seu nível profissional.
Querer transmitir a culpa para terceiros é um típico comportamento humano, talvez escondendo uma reflexão crítica que poderia nos levar à culpa no processo. Ou seja, tão importante quanto procurar por trabalho está em saber onde está o nosso público-alvo.
Existe vida além dos workplaces…
Por fim, vale lembrar que esses workplaces são ótimas ferramentas para encontrar projetos, mas não são (e nem deveriam ser) a sua melhor fonte de prospecção. Para um profissional freelancer, existem recursos mais interessantes como a criação de um portfólio ou o uso do LinkedIn.
Ademais, tome cuidado para não se sentir influenciado pelo preço encaminhado por concorrentes nessas plataformas. É normal que você se veja na necessidade de reduzir o seu valor apenas para se tornar competitivo. No entanto, ser contratado para um trabalho cuja remuneração não vale a pena não faz o menor sentido.
E você? O que acha sobre as plataformas para encontrar trabalho freelancer? Ainda utiliza? Compartilha da nossa opinião de que os preços praticados nesses workplaces são muito baixos? Conta pra gente nos comentários!
Parabéns pelo ótimo texto. É prostituição sim. Um leilão ao contrário, ganha quem trabalha por menos. Outra coisa estranha nessas plataformas, quase nenhum freela tem um site pago e profissional hospedado na internet. Isso é o suficiente para as plataformas explorarem esses operários do home office. Freela sem um bom site com domínio próprio? Como dizia padre Quevedo: isso non ecziste!
Oi, Julio!
Concordo plenamente contigo. É o que eu defendo no texto: nessas plataformas, não estão profissionais. Não há preocupação com um preço justo, ter um site próprio, entre outros. Para quem leva a sério o próprio trabalho, é uma concorrência desleal. Isso sem falar nas taxas absurdas que essas empresas cobram.
Abraços!