Existem alguns clichês bem conhecidos sobre a vida de um freelancer, não é mesmo? Alguns são comuns sobre os benefícios, como a liberdade e a ausência de chefe (esse segundo, aliás, é bem enganoso). Outros são sobre as desvantagens dessa opção de carreira, especialmente sobre a instabilidade financeira.

Mas, afinal, o que há de verdade nisso? Uma carreira independente realmente exige assumir esse tipo de risco? Hoje eu quero falar um pouco sobre essa questão da instabilidade e oferecer uma nova ótica sobre o tema.

 

O que significa ter instabilidade financeira?

Gráfico Financeiro íconeA instabilidade financeira de um freelancer está, de um modo geral, ligada a dois fatores principais:

  • A variação da renda, sem um salário fixo mensal;
  • A oscilação de projetos (ou clientes, se você assim preferir).

A instabilidade financeira diz respeito aos ganhos mensais que, ao contrário do que você pode encontrar em um trabalho no modelo tradicional, não têm valor fixo. O nosso salário depende diretamente do que foi produzido e, na prática, isso é reflexo do segundo ponto de instabilidade: os projetos.

Em alguns meses, você terá muita demanda. Solicitações de trabalho, pedidos de orçamento e clientes com pressa em receber algum material. Em outros momentos, porém, eles somem. E é aqui que muitos profissionais se assustam e temem essa instabilidade, algo que não necessariamente é ruim.

Você discorda? Vamos considerar então alguns fatores.

curso finanças gratuito

A instabilidade financeira pode ser boa…

Essa visão negativa da instabilidade é extremamente normal. Não são poucas as pessoas que pensam dessa forma, inclusive afastando algumas delas do trabalho independente em função dessas oscilações acima mencionadas. Particularmente, não concordo com esse temor e encaro a instabilidade de maneira positiva.

Se pode ser ruim não ter um “piso salarial” (um valor mínimo a receber), por outro lado a variação da demanda traz também a ausência de um “teto salarial”. Ou seja, se você trabalha via CLT, provavelmente tem um salário e, no máximo, um adicional sobre metas alcançadas. Já atuando de maneira independente, os seus ganhos serão diretamente proporcionais às entregas. E, neste contexto, quanto mais clientes você tem, mais você ganha.

Além disso, também não concordo com o olhar mensal sobre finanças pessoais. Quem atua com renda variável precisa ter um olhar orientado para o longo prazo. Pouco importante se você ganha menos do que gasta em um determinado mês se o período seguinte compensa. O que realmente vale é que, ao longo de seis meses ou ano ano, seus ganhos sejam consistentes e maiores do que as despesas.

Assim, a liberdade para gerenciar a carreira, os clientes e os projetos acaba sendo compensadora. E, se você souber lidar bem com essas questões, pode ter rendas muito superiores ao que conseguiria como empregado tradicional, trabalhando em horário fixo e recebendo seu salário mensal independente da sua produtividade.

A vida de freelancer permite reduzir riscos

Troca íconeTudo isso que mencionei é uma visão extremamente pessoal sobre a questão da instabilidade financeira. Talvez você, por qualquer razão, não concorde comigo e tenha uma mentalidade diferente. Sendo assim, é possível que o resultado mensal pese mais do que o longo prazo.

Ainda que esse seja o seu caso, proponho ainda uma visão diferente sobre a vida de freelancer, agora pensando na instabilidade de projetos. Acredite: atuando como profissional independente, você pode reduzir riscos consideráveis sobre as suas finanças. Parece doido pensar assim, não é? Vou explicar.

O primeiro ponto que sempre considero é que você pode fidelizar clientes. Ou seja, criar mecanismos para que um projeto seja mantido por meses ou até anos. Assim, você consegue obter uma renda fixa mensal e reduz sua exposição às variações de demanda.

Para quem trabalha com conteúdo, por exemplo, um caminho seria encontrar clientes que precisam de textos para blog. Assim, eles solicitariam com frequência uma determinada quantidade de textos, garantindo que você tenha uma espécie de garantia financeira. Imagine então ter cinco ou seis clientes nessa condição? Não fica tudo mais confortável?

E um designer? O caminho também pode ser esse! Isso vale tanto para ilustração de materiais (como e-books e PDFs), geração de posts para redes sociais e outras tantas atividades de rotina. Independente da sua área de atuação, existe uma boa chance de que você possa fidelizar seus clientes e, desta forma, mitigar o risco da oscilação de trabalho.

como ser freelancer

O trabalho fixo não é tão seguro quanto parece…

Por fim, temos que abordar a questão da segurança que, na realidade, acaba sendo muito mais psicológica do que real. Isso porque o salário fixo e garantido que encontramos em alguns empregos pode, de um dia para o outro, desaparecer. Estou falando, claro, do risco de demissão.

É verdade que, dependendo das condições da rescisão, você terá alguns meses de seguro desemprego. Mas… E depois? O que acontece? Você acaba ficando sem renda. Sem nenhuma renda. Preocupante, não?

E um freelancer? Bom, se ele trabalha com a fidelização que mencionei anteriormente, esse é um risco mínimo e praticamente simbólico. Isso porque, ao trabalhar com diferentes clientes, você acaba por criar diversas fontes de renda. Em outras palavras, ainda que um projeto seja encerrado, ainda existem outras receitas entrando de maneira que a sua renda pode variar, mas dificilmente será zerada.

Posso dar meu próprio exemplo. Antes de me aventurar no universo dos freelas, eu trabalhei como empregado de carteira registrada em duas empresas: Itaú BBA e BRMALLS. Em ambas eu tinha um salário fixo que pareciam seguros, mas isso duraria até uma eventual demissão.

Hoje em dia, o cenário é completamente diferente. Eu tenho diferentes clientes e o “maior” deles representa menos de 50% do meu faturamento. Ou seja, mesmo perdendo meu trabalho mais representativo, ainda teria mais de metade da minha renda preservada com tempo para procurar novas demandas.

É pensando em tudo isso que eu defendo que a instabilidade que envolve a vida de um freelancer não é, necessariamente, ruim. Basta saber lidar com ela e usá-la a nossa favor, encarando-a com uma nova abordagem.

Como se preparar para a instabilidade financeira?

Por mais que a teoria seja muito bonita, a prática nem sempre é simples assim. Cada pessoa lida com suas dificuldades de uma forma diferente e, como eu adiantei, pode ser que você não consiga aplicar uma visão mais otimista à instabilidade financeira ou lidar com as suas finanças pensando no longo prazo.

Em primeiro lugar, isso não é bom ou ruim. São apenas perfis diferentes e o mais importante é que você seja capaz de reconhecer aquilo que pode ou não incomodar o seu sono. Então, acredito que ainda cabem algumas dicas sobre o tema.

A primeira delas é que, se você tem muito medo de perder clientes, o colchão financeiro é uma medida praticamente obrigatória. Trata-se de uma reserva de emergência que garanta o pagamento das suas despesas em meses com baixa demanda. Quanto mais meses você puder garantir, melhor.

Além disso, crie o hábito de poupar uma parte dos seus ganhos. Não é porque você ganhou mil reais a mais do que gastou em um mês que deve torrar esse dinheiro. Separe uma parte dele para investimento na sua reserva de emergência e, a outra parte, permita-se usufruir em seu tempo livre.

A ideia deste artigo foi trazer um novo contexto para a instabilidade financeira. Da mesma forma que ela assusta de vez em quando, a variação nos ganhos pode jogar a nosso favor tanto na redução de riscos, como também na ausência de um limite para ganhos. Espero que, de alguma forma, esse conteúdo ajude-o a lidar com essa questão e trazer um pouco mais de tranquilidade na sua rotina como freelancer.

e=book grátis freelancer