A instabilidade financeira é um dos maiores desafios de um freelancer. Sem dúvidas, equilibrar receitas e despesas é um elemento chave para as finanças de qualquer profissional — seja ele contratado com salário fixo ou com remuneração atrelada ao desempenho.

Apesar de ser algo que traz muita dificuldade para boa parte dos brasileiros, gerenciar os seus recursos não deveria ser um problema. É muito mais uma questão de organização e de controle do que propriamente uma habilidade específica ou um conhecimento técnico.

Pensando nisso, o Conexão Freelancer vai trazer uma série de conteúdos visando ajudar você a ter total domínio das suas finanças pessoais. E vamos começar por hoje, abordando como você pode equilibrar suas receitas e despesas.

Quais são os tipos de receitas de um profissional freelancer?

Para executar uma boa organização financeira, o primeiro passo é entender o formato das suas entradas de capital, isto é, das suas receitas. No trabalho independente, é bem normal que elas sejam variáveis, mas existem diferentes modelos de remuneração.

Aqui, não é o intuito dizer como você deve cobrar pelos seus serviços, mas sim ponderar diferentes cenários e como isso pode impactar no equilíbrio com as suas despesas, algo que veremos na sequência deste mesmo artigo.

Receita fixa

O primeiro formato para receber pelo seu trabalho é usar da receita fixa. Como o próprio nome sugere, aqui estamos diante de uma entrada de capital fixa e recorrente, sem qualquer alteração ao longo do tempo a não ser para reajuste.

A grande vantagem desse formato é, claro, a segurança. Por ser uma renda estável e sem oscilações, torna-se mais fácil organizar o pagamento das suas contas e, consequentemente, saber quanto você pode ou não gastar com atividades de lazer.

Esse é um cenário mais comum quando trabalhamos como contratados de uma empresa. Ou seja, o seu salário nada mais é do que uma receita fixa: todos os meses, em data acordada, você recebe o seu pagamento.

Veja abaixo como se comporta a receita de um profissional que trabalha com salário fixo de R$5.000. Como você pode perceber, não há qualquer tipo de alteração na renda, o que significa que há grande previsibilidade para o seu fluxo de caixa.

Receita variável

A receita fixa é simples e adorada pelos brasileiros, mas raramente é o que temos no trabalho freelancer. O mais comum é encontrar a receita variável, onde os ganhos financeiros dependem diretamente do trabalho realizado ao longo do mês.

Embora vista como arriscada, a receita variável oferece um benefício que você não tem com a receita fixa: a ausência de um limite. Isso significa que, embora não exista a segurança de uma previsibilidade de ganhos, é possível também ganhar muito mais do que um salário fixo, algo que abordei neste texto.

Por outro lado, é importante ter uma mentalidade de longo prazo. Ou seja, evite julgar os seus ganhos apenas por um mês. É possível sim que, isoladamente, algum deles não apresente ganhos suficientes para cobrir seus custos. No entanto, pegando um horizonte temporal maior, essas variações se anulam.

Veja abaixo como se comporta o gráfico de ganhos de quem tem como remuneração a receita variável. É uma verdadeira montanha russa, não?

Receita mista

O cenário ideal para um freelancer é conseguir uma forma de ser remunerado que junte os dos modelos que vimos anteriormente. Isto é, ter uma parte do seu ganho mensal fixo, mas também que uma parcela dele seja de forma variável.

Neste caso, você consegue maximizar seus ganhos com a parcela variável, mas ter maior segurança e estabilidade por meio da parcela fixa. Para os empregados no modelo tradicional, esse é um modelo possível quando há um salário fixo, mas uma parte é feita por desempenho e atingimento de metas.

Já para um freelancer, o modo de utilizar esse formato de remuneração é ter clientes que precisem de demanda recorrente, ao mesmo tempo em que se torna possível pegar outro freelas e incrementar a sua renda mensal. Desta forma, temos um gráfico de receita mais estável, mas com alguns “picos” que indicam maiores receitas em um mês em relação aos demais.

Renda passiva

Outra forma de gerar receitas para as suas finanças pessoais é por meio do que se chama de renda passiva. Esse é o nome dado a ganhos financeiros que não demandam o seu trabalho para gerar capital. É o caso, por exemplo, de infoprodutos que você venda na internet ou investimentos.

Por ser algo mais específico, não vamos abordar neste artigo — teremos textos futuros para explicar os tipos de investimentos que permitem a geração de renda passiva. Por enquanto, o bacana é você saber que pode obter receitas que complementem mensalmente a sua renda sem ser, necessariamente, com o seu trabalho mensal.

Quais são os tipos de despesas de um profissional freelancer?

As receitas são importantes, afinal quanto mais ganhamos, mais podemos gastar. No entanto, sem um grande controle sobre os seus gastos, vai ser muito difícil manter a sua saúde financeira. De que adianta ter um ótimo salário se você acaba se endividando por gastar demais?

Assim, da mesma forma que fizemos com as receitas, precisamos conhecer também os tipos de despesas que existem no Brasil. Vamos a elas, sempre de olho nas suas características e implicações para o dia-a-dia.

Custos

Vamos começar pelos custos, que são aqueles gastos necessários para o seu trabalho. Ou seja, são despesas necessárias para que você possa ter a sua atividade profissional como computador, softwares, materiais de escritórios, entre outros.

Aqui, claro, é importante economizar, mas ainda mais importante ter condições para a execução de um bom desempenho em termos de produtividade e qualidade. Por vezes, como já diz o ditado, o barato sai caro.

Ademais, esses custos devem ser embutidos no seu preço cobrado pela execução de um serviço como forma de não gerar perdas financeiras. Assim, o cenário mensal para esse tipo de despesa deve ser mais ou menos como um gráfico abaixo, onde as receitas geradas pelo trabalho superam os custos para a sua realização (de preferência, com boa folga).

Despesas fixas

Custos explicados, podemos olhar agora para os tipos de despesas que, afinal, são os gastos que temos mensalmente na nossa vida pessoal. E começamos pelas despesas fixas que, assim como no caso das receitas, possuem a característica de estabilidade. Isto é, todos os meses os valores estão ali, com os mesmos custos.

E quais seriam as despesas fixas? Veja abaixo alguns exemplos:

• Assinatura da televisão a cabo
• Assinatura de internet
• Escola dos filhos
• Mensalidade da academia
• Salário de funcionários

Assim como no caso dos custos, é importante ter o total controle dessas despesas fixas (os custos podem, inclusive, ser adicionados nesta categoria no seu controle financeiro). Isso porque, como elas se repetem mensalmente, é preciso gerar receitas que sejam suficientes para pagar esses valores com alguma folga — afinal, essas não serão suas únicas despesas no mês, certo?

Despesas semifixas

Parecidas com as despesas fixas, as despesas semifixas são aquelas que também aparecem mensalmente, mas cujos valores podem flutuar um pouco de um mês para o outro. Ou seja, você também precisa de orçamento para lidar com elas de forma recorrente, mas possuem um caráter menos previsível.

Novamente, temos alguns exemplos clássicos para essas despesas. São elas:

• Supermercado
• Feira
• Luz
• Água
• Gás
• Telefone
• Gasolina

Repare que, apesar de não possuírem um valor fixado, essas despesas são extremamente importantes na vida pessoal de todas as pessoas. Você precisa, mensalmente, de água, luz e alimentação para sobreviver em boas condições. Portanto, trata-se praticamente uma extensão das despesas fixas: é preciso ter orçamento para lidar com elas.

Abaixo, ilustrei o comportamento de um gráfico com essas despesas semifixas. Observe como a linha flutua de um mês para outro, mas mantém um média similar, sem fugir tanto de uma linha reta.

Despesas variáveis

Nem só de obrigações vive o trabalhador brasileiro, certo? Até aqui, vimos apenas as despesas obrigatórias — seja para a sua qualidade de vida, seja para a oferta de um trabalho em boas condições. No entanto, o objetivo também deve ser aproveitar a vida com outros gastos (como o seu lazer).

Neste ponto, entram as despesas variáveis: os gastos com serviços e produtos pessoais, assim como algumas atividades de lazer. Esses gastos devem vir sempre depois de você garantir as suas contas, mas não há mal nenhum em dar a si mesmo algum tipo de recompensa durante um mês como um jantar em um bom restaurante ou uma roupa nova.

Aqui, portanto, entram todos os gastos da sua vida pessoal. Veja exemplos abaixo:

• Bares e restaurantes
• Cinema
• Presentes
• Roupas
• Viagens

Por ser algo ainda menos previsível dentro de um mês e dependente dos valores que sobram do seu salário, a curva das despesas variáveis é mais aleatória. Em alguns meses você vai gastar mais, em outros vai segurar a mão. Assim, os custos fogem mais de uma média, justamente o que os diferencia das despesas semifixas.

Despesas extraordinárias

Por fim, mas ainda importante, temos que mencionar as despesas extraordinárias. Esse é o grupo de gastos que não planejamos para o mês — que tem um significado diferente de não se preparar para ele.

E o que seriam despesas extraordinárias? É aquela visita ao médico por conta de uma dor que começou a incomodar, uma visita ao hospital que o seu plano de saúde não cobre ou mesmo o pagamento de um mecânico por conta de um problema com o carro.

Pela característica atípica, essas despesas aparecem em alguns meses e somem em outros. É recomendável que você tenha sempre uma reserva de capital para lidar com elas e não apertar o seu mês quando surgirem.

Como lidar com os tipos de receitas e despesas de um freelancer?

Como vimos ao longo do texto, existem diversos tipos de receitas e despesas com os quais os brasileiros precisam lidar. Portanto, a organização financeira vai muito além de simplesmente pegar seus ganhos e subtrair os gastos. É preciso monitorar cada um deles de perto.

Ao dominar a forma pela qual você é remunerado e também a composição dos seus gastos mensais, fica muito mais fácil projetar um fluxo de caixa e equilibrar as suas receitas e as suas despesas, ainda que elas sejam mais instáveis.

Como adiantei na introdução, é para esse objetivo que nasceu o Conexão Finanças, nosso treinamento 100% gratuito sobre finanças para que todos possam aprender a lidar com o seu dinheiro e as suas contas. Caso você queira sugerir algum conteúdo ou esclarecer dúvidas, a nossa área de comentários está sempre disponível.