Não é novidade para ninguém que um dos principais medos de um freelancer é relacionado com as suas finanças pessoais. A instabilidade é uma das principais questões, afinal, ao menos de maneira geral, não existe aquele salário fixo que você tinha quando trabalhava no modelo tradicional, com carteira assinada e outros benefícios.

Ainda assim, a sua vida não precisa ser essa montanha russa sem nenhum controle. É isso que queremos mostrar neste artigo a partir de agora, começando por uma reflexão que vai ajudar muito na criação do seu planejamento financeiro.

Acredite: a instabilidade pode ser positiva

Uma das principais reclamações de freelancers que estão começando na carreira independente é que não há regularidade nos ganhos mensais. Essa afirmação por si só não está errada: nossos rendimentos acabam variando de acordo com a quantidade de projetos com os quais nos envolvemos.

O que quero propor como reflexão é a consequência dessa realidade. Para muita gente, principalmente aqueles que defendem o formato tradicional de trabalho, a variância é o problema. E, na minha humilde opinião, basta uma inversão da perspectiva para transformar esse problema em uma vantagem.

Imagine que você ainda trabalhe para uma empresa em regime CLT. O seu salário é fixo e mensal, sem oscilações. Isso dá uma sensação de falsa estabilidade. Falsa porque, a qualquer momento, a organização pode optar por uma demissão. E, junto com ela, vai embora a sua amada estabilidade.

Um freelancer lida frequentemente com o encerramento de vínculos. Projetos podem ser extremamente dinâmicos. A diferença é que, ainda que um ou outro cliente opte por não trabalhar mais com você, é possível ter outros. E, ao contrário do que parece inicialmente, isso é muito mais confortável do que depender de uma única fonte de renda.

Como um freelancer pode montar o seu planejamento financeiro?

A ideia dessa introdução não é negar que existem oscilações na vida financeira de um freelancer. Isso é fato. No entanto, e é isso que proponho, você pode olhar para o lado positivo da situação e explorar as vantagens que esse modelo de carreira oferece.

É evidente que toda essa inversão da ótica de um trabalho alternativo depende diretamente de controle, disciplina e organização. Sem esses fatores, a chance de se perder no caminho é grande e, neste caso, a instabilidade parece mais forte do que realmente é.

Vamos, portanto, entender como criar e montar um planejamento financeiro. Ele, sem dúvidas, permitirá uma tranquilidade muito maior na medida em que deixará você com o controle da informação.

Crie uma planilha para o controle financeiro

A melhor maneira de começar um planejamento financeiro sempre será organizar os dados que compõem a sua vida. O uso mais comum dessa tarefa é uma planilha. Podemos usar do Excel, do Google Sheets ou mesmo de algum aplicativo encontrado no celular. O importante, neste ponto, é organizar os seus dados.

Entre as inúmeras vantagens que temos com esse processo estão o controle (o desespero começa pela falta de informação) e a percepção do longo prazo. Lembre-se ainda de que gastos pessoais podem e devem ser tabulados, permitindo um acompanhamento praticamente em tempo real dos seus compromissos financeiros.

Entenda quanto você custa mensalmente

Todos nós temos um custo mensal. Esse custo corresponde à média dos nossos gastos. E, para não nos endividarmos, precisamos ganhar mais do que custamos. Do contrário, o caminho natural é o acúmulo de despesas que, acredito eu, ninguém quer passar.

Algumas contas são fixas, como aluguel, água ou telefone. Refiro-me a despesas fixas por todas aquelas que aparecem todo mês — não necessariamente o valor precisa ser constante. Outras são variáveis. Mesmo nelas, no entanto, podemos encontrar uma média de gasto. É o caso de saídas para restaurantes ou aquelas comprinhas no shopping.

A partir desse momento, você consegue começar a entender a importância de ter uma planilha de controle e acompanhamento. Com posse dessas informações, ela começa a receber os valores e a projetar o seu custo mensal. E, desta forma, fica muito mais fácil se organizar financeiramente até mesmo para as oscilações naturais de um freelancer.

Analise se alguma fonte de renda pode ser mensal

Um freelancer trabalha por projeto, mas isso não significa que não possamos criar conexões de longo prazo com os nossos clientes. Em outras palavras, é possível que alguma das suas atividades se converta em uma fonte de renda fixa, ainda que não seja preciso retomar uma rotina tradicional.

Se você é um redator, por exemplo, pode encontrar clientes que precisam de artigos mensais para o blog dele. Um designer, por outro lado, pode trabalhar com alguém que necessite de artes para as redes sociais — outra atividade exigida mensalmente. E por aí seguimos.

A ideia, portanto, é tentar converter alguma atividade em uma fonte de renda mensal. Isso por si só, além de ajudar a pagar o seu custo mensal que vimos, permite uma maior tranquilidade sobre a instabilidade.

Faça análises sobre o seu planejamento financeiro

Uma vez construído o planejamento financeiro, esse arquivo deve ser sua prioridade diária. Ou seja, não basta apenas criar a planilha: ela deve ser abastecida e analisada sempre que possível.

Particularmente, gosto de dividir minhas atividades por linhas. O que quero dizer com isso? Que se eu faço um artigo para blog ou escrevo um e-book, por exemplo, vou categorizar de maneira diferente. Isso permite que eu acompanhe mês após mês o quanto cada uma delas tem contribuído com o meu ganho mensal.

Essa análise, aliás, não deve ser passiva. Percebeu uma queda de algo que sempre garantiu muito dinheiro? Tome alguma ação sobre o que observou! Avalie se a sua divulgação não está em baixa, busque incrementar seus conhecimentos na área, enfim, tente encontrar uma solução para o problema percebido.

Ainda sobre as análises, não deixe de criar metas e objetivos para o seu planejamento financeiro. Gosto de propor um valor para guardar até o final do ano ou de traçar como meta a redução de gastos com algo que passou do meu orçamento inicial. Essas métricas são estimulantes para que eu as alcance.

Aplique a regra 50-35-15

Alguns especialistas financeiros defendem que o seu dinheiro deve ser administrado seguindo o princípio 50-35-15. Não se assuste: não se trata de nada muito complexo, apenas uma forma de dividir o seu capital.

A sequência numérica pode parecer aleatória, mas segue uma lógica bem simples. Veja abaixo que ela representa um percentual do seu orçamento:

• 50% do salário deve ser para despesas fixas;
• 35% do salário deve ser para despesas variáveis e lazer;
• 15% do salário deve ser poupado para o longo prazo.

Em primeiro lugar, é óbvio que você não precisa seguir esses percentuais, tampouco acreditar que a divisão seja exata assim. O objetivo é focar para que, por exemplo, suas despesas fixas não representem mais do que metade do que você ganha. Além disso, sempre tente guardar um pouco para não viver sempre no risco. Os percentuais são individuais e por sua conta. Apenas use o modelo como inspiração.

Busque outras fontes de renda

Ser freelancer não significa depender exclusivamente dos ganhos provenientes da sua atividade principal. Você pode (e deve) buscar fontes de renda complementares, permitindo que a sua tranquilidade em relação aos gastos seja ainda maior.

Um exemplo é a renda passiva, nome associado diretamente aos negócios digitais. O segredo aqui é criar um infoproduto que permita a venda mesmo “enquanto você estiver dormindo”. Claro que não é tão simples assim, existe todo o processo de formulação do produto e divulgação, mas não deixa de ser uma boa opção.

Além disso, outra forma bacana de gerar renda além dos freelas é buscar investimentos. Se você é mais adepto ao risco, pode pensar na bolsa de valores ou nas apostas esportivas. Para quem é mais cauteloso, existem boas alternativas de renda fixa pagando melhor que a poupança. O Conexão Freelancer ainda trará conteúdo específicos sobre finanças pessoais e investimentos.

Foque sempre no longo prazo

Por fim, não se esqueça de pensar sempre no longo prazo quando o assunto é finanças. Os ganhos variáveis são muito mais assimiláveis analisando desta maneira. Um mês pode ter poucas oportunidades, mas em outro você pode acumular muito mais projetos que a média e, afinal, esses períodos se completam.

Portanto, nada de pânico ou ansiedade quando o assunto é dinheiro. Com um bom planejamento financeiro, você pode facilmente driblar as principais dificuldades da vida freelancer e aproveitar os benefícios da sua escolha profissional os quais, afinal, acabam valendo muito a pena.