Neste mês de setembro de 2019, eu completei três anos atuando como freelancer. O tempo passa rápido! E nesse tempo muita coisa aconteceu. Por isso, hoje trago um artigo especial, compartilhando alguns dos meus principais aprendizados ao longo desses últimos anos.

Tudo que você verá a seguir é resumo de uma visão pessoal sobre a minha vivência trabalhando de maneira independente. Não quer dizer que seja o mesmo para todos. O que posso assegurar é que essa experiência modificou bastante a maneira que enxergo o mundo profissional.

As 10 coisas eu aprendi trabalhando como freelancer

A seguir, separei as 10 coisas que aprendi trabalhando como freelancer. Elas não estão classificadas em ordem de importância ou coisa do tipo. São apenas considerações e reflexões sobre esse período fora do mercado de trabalho tradicional.

Vamos lá! =)

1. Não, eu não sou meu próprio chefe

Chefe íconeExiste um clichê muito usado no mundo freelancing de ser o próprio chefe. E isso é pura balela. Você não pode fazer tudo do seu jeito: existe alguém esperando o seu trabalho para avaliar e cobrar a qualidade necessária. Na prática, aliás, o que temos são vários chefes travestidos de clientes.

Isso, por outro lado, não anula algumas vantagens importantes nessa relação. A primeira é que não precisamos de submissão, ao contrário do que acontece no ambiente de trabalho formal. Um chefe é desagradável de trabalhar? Você tem a opção de romper o vínculo, diferente de engolir sapos na sua empresa.

Apenas não dá para acreditar que você é seu próprio chefe e que vai fazer tudo do jeito que sempre quis. Normas e regras seguem valendo. Elas são apenas mais flexíveis e adaptáveis.

2. Trabalhar sozinho não é viver isolado

Um dos desafios de quem trabalha como freelancer é a solidão. Essa é a única coisa que ainda sinto falta do emprego formal: ter com quem conversar ao longo da jornada de trabalho. Tem dias que queremos ficar mais quietos, mas em outros essa troca faz falta. Inclusive no aspecto profissional, pois outras pessoas ajudam na nossa evolução.

Ao mesmo tempo, existem mecanismos para driblar isso. O isolamento pode se converter em foco e produtividade, deixando mais tempo livre para outras atividades. Assim, podemos ir ao shopping, visitar um amigo ou fazer qualquer outra coisa que envolva a presença humana.

Além disso, o próprio trabalho não precisa ser necessariamente isolado. Por vezes, é possível juntar-se com uma equipe e trocar experiências. A multiplicidade de clientes também contribui nesse sentido a conhecer novos profissionais e outras maneiras de pensar. Nem só de cursos e certificações vive um bom currículo.

3. Organização e disciplina são obrigatórios

Horário íconeSe você está começando a vida de freela, certamente já viu por aí organização e disciplina como características essenciais a um profissional independente. E, se pensou que era apenas um clichê desse tipo de profissional, está enganado. Elas são, de fato, indispensáveis.

Nesse formato de trabalho, lidamos a todo o momento com clientes e prazos diferentes. E não dá para ir levando isso sem organização. Na vida independente, você não tem um chefe para te cobrar entregas ou supervisionar a sua produtividade. Algum cliente pode até fazê-lo, mas não dá para contar com isso.

Ademais, um freelancer precisa gerenciar toda sua vida pessoal e profissional quase que simultaneamente. Sem essas habilidades, fica muito difícil não se perder. São elas que ajudam a entender quando podemos fazer algo diferente em plena tarde e quando o trabalho precisa ser a prioridade máxima do momento.

4. Para quem é produtivo, ganhar por projeto é melhor do que por hora

Ok, esse pode ser um tema polêmico e discutível. Mas preciso avaliar sempre do meu próprio ponto de vista. E, de maneira geral, me considero bastante produtivo.

Sempre achei ruim o formato de trabalho por hora. Você sabe o que é isso: entrar às 9h, fazer uma hora de almoço e sair às 18h — isso escapando da temida hora extra. Se consigo resolver todos os assuntos em quatro horas, por que preciso ficar até 18h, apenas por protocolo?

A vida de freelancer me permite essa flexibilidade. E eu amo isso. No entanto, reconheço que isso depende muito da produtividade de cada um. Para quem tem dificuldade em executar as tarefas, talvez o pagamento por hora seja mais confortável. Não é meu caso.

Hoje, eu consigo ganhar em duas ou três horas o equivalente ao que recebia por todo o dia do último emprego. Por vezes, até mais. Tudo depende da minha produtividade. O que eu sei é que prefiro mil vezes o formato de ganhar por entregas do que por hora trabalhada. E essa nem era uma possibilidade enquanto estava na faculdade.

5. Existe vida fora do escritório

Ao longo da minha formação escolar ou acadêmica, jamais passou pela minha cabeça a possibilidade de um trabalho alternativo. Sempre soube, ou pensava que sabia, que tudo se resumia a seguir o mesmo caminho de outras pessoas. Ou seja, estudar, buscar uma empresa e trabalhar para ela até o fim da vida.

O problema não é seguir esse fluxo, mas fazê-lo apenas “porque é assim que funciona”. Existem alternativas, basta ir atrás delas. E, para quem tem um ritmo noturno como o meu, isso é ainda mais importante. Por que é preciso trabalhar de manhã se você é muito mais produtivo de noite?

A vida de freelancer me deu outra dimensão de como é sim possível trabalhar, pagar as contas, mas viver. E viver não apenas no automático, mas sim fazendo coisas diferentes, gerenciando melhor o meu tempo e, claro, aproveitando oportunidades especiais já que tudo que preciso para trabalhar é organização e internet.

6. A procrastinação não é uma inimiga

Justamente por ganhar por projeto (e não por hora) na minha jornada de trabalho, a procrastinação sempre foi uma preocupação. Eu achava que precisava trabalhar o tempo todo, todo minuto e converter isso eu ganho financeiro. Seja lá qual for o seu formato de trabalho, você sabe que não é assim que funciona.

E, quando você é freelancer, aprende que a procrastinação é uma amiga íntima. Ela vai aparecer. De vez em quando, é aquela visita chata que aparece quando você não quer, mas brigar com ela não adianta. Ela sabe que incomoda e, para falar a verdade, adora ter esse papel.

É por isso que aprendi que podemos e devemos lidar com a procrastinação — e não enfrentá-la. Você acordou naquela segunda-feira chuvosa sem vontade de fazer nada? A menos que exista algum prazo vencendo no dia, isso não é um problema. Podemos assistir um filme, ir visitar algum lugar diferente ou simplesmente descansar. Forçar produtividade em um dia desses é um desafio gigantesco e raramente funciona.

Assim, sabendo lidar com ela, fica muito mais fácil. E, curiosamente, tenho o exemplo real desse momento. No dia anterior à escrita deste artigo, recebi a visita de uma gigantesca procrastinação. O que eu fiz? Entreguei o que não podia adiar e desisti de trabalhar. Esse texto que você está lendo agora é o quinto feito no dia seguinte.

Respeitar nossos limites é importante. E aprendemos a lidar muito melhor com eles quando trabalhamos de maneira independente.

7. “Loucos são eles”

Eu perdi a conta de quantas vezes ouvi que era loucura após contar que larguei um emprego fixo, estável, com carteira assinada e (ao menos penso) com bom potencial de crescimento. Tudo isso para arriscar um caminho incerto, tortuoso e que não tinha nenhuma certeza sobre dar certo.

E, para ser bem sincero, hoje eu acho que loucos são eles. Acho loucura perder de duas a três horas diárias em um trânsito caótico como o de São Paulo. Acho loucura ser obrigado a travar nossos dias com um horário fixo, sendo que muitas vezes sequer produzimos algo em determinados momentos. É loucura resumir a vida apenas a status e dinheiro.

E, sejamos sinceros, um pouco de loucura não faz mal a ninguém. De vez em quando, vale o risco. Nem sempre vai dar certo, mas quando dá, a recompensa é amplamente atrativa. E não me arrependo nem por um dia da decisão que tomei.

8. Lidar com rejeição é fundamental

Saber lidar com rejeição e com a frustração são verdadeiros diferenciais, ainda mais na minha geração, considerada como mimada demais. E é mesmo. Temos dificuldade em ouvir não. Não gostamos de adversidades. Mas elas são necessárias.

Particularmente, nunca vi essa como uma deficiência. Acho que, dentro do possível, lidei muito bem com a frustração. Talvez pela minha própria infância, muito mais do esporte do que do vídeo-game. Não tinha como reiniciar um jogo perdido: era entender o que aconteceu e melhorar para o próximo desafio.

Acontece que um freelancer ouve muito não. Muito mesmo! Não faço a menor ideia de quantos contatos fiz nesses três anos, mas o volume de rejeição é significativamente maior do que de aceitação. E é o cenário esperado. O importante é entender isso e não desanimar.

9. Home office é sim uma maravilha

Ao longo da minha carreira independente, algumas vezes ouvi sobre os temidos perigos do home office. Liberdade demais, a procrastinação e a Netflix disponível a todo o momento são alguns dos adversários mais citados. Eu mesmo já mencionei esses aspectos algumas vezes enquanto perguntavam como era trabalhar em casa.

E não é que seja mentira, mas simplesmente são riscos que valem muito a pena quando pesamos as vantagens. Acordar a hora que você quiser, trabalhar quando estiver produtivo, conseguir gerenciar melhor o tempo ou mesmo ganhar horas para o próprio dia que seriam gastas paradas no trânsito apenas no meu deslocamento.

Não sei dizer por quanto tempo seguirei achando o home office essa maravilha toda ou mesmo se ele será possível. Ao menos por enquanto, porém, é preciso copiar o McDonald’s e dizer: amo muito tudo isso.

10. Não há espaço para parar no tempo hoje em dia

Ok, trabalhar em casa é confortável. Selecionar os projetos sobre os quais vou participar é gostoso. Fazer algo que eu realmente gosto é prazeroso. Mas tudo isso não permite acomodação, pois o mundo é completamente dinâmico e, sem perceber, acabamos ficando para trás rapidamente.

Por isso, é fundamental seguir investindo em si, buscando conhecimento. Enquanto empregados, isso costuma vir naturalmente. As próprias empresas elaboram treinamentos visando o desenvolvimento de competências. O profissional independente precisa buscar isso por si só, de maneira a garantir a sua evolução.

A liberdade é compensadora, desde que a gente saiba como usar a nosso favor. E isso inclui buscar novas áreas e novos conhecimentos.

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