Ao longo dos últimos anos, o número de profissionais independentes cresceu bastante no Brasil. Essa já era uma tendência esperada para 2018 e que se confirmou. Em parte, isso se deve à própria tecnologia que, afinal, trouxe uma gama variada de possibilidades para trabalhar e ganhar dinheiro sem sequer sair de casa.
No entanto, nem sempre a opção é apenas por conforto ou qualidade de vida. Outro índice que cresceu bastante no Brasil é o desemprego. Em janeiro de 2019, por exemplo, a taxa de desempregados brasileiros subiu para 12%. Uma das consequências disso é o que se chama de freelancer por necessidade.
O que é um freelancer por necessidade?
O atual cenário brasileiro forma um ambiente propício para começar a trabalhar como freelancer. Sabemos que, dentro do sistema capitalista, o dinheiro tem um peso considerável nas decisões profissionais. Portanto, a ausência de renda gerada pelo desemprego (ou pelo risco deste) faz com que muitas pessoas tentem novas funções.
É neste ponto que nasce o freelancer por necessidade. Aqui, não falamos de pessoas que gostam da ideia do trabalho independente e fazem a mudança de maneira gradual (como, inclusive, é o mais recomendado). Trata-se de uma situação que beira o desespero, muito mais voltado para uma tentativa de eliminar um problema.
Não que seja totalmente errado, mas o caminho costuma ter maiores desafios e imprevistos. Isso porque, afinal, não acontecem etapas importantes de preparação e planejamento para atuação. No geral, esse início no freelancing acaba sendo feito muito mais por intuição ou tentativa & erro.
Números que reforçam a presença do freelancer por necessidade
O ideal, sem sombra de dúvidas, é que você seja um freelancer por oportunidade. Isto é, estamos falando de identificar um espaço no mercado de trabalho e, juntando às suas habilidades, encontrar uma nova forma de atuação. Infelizmente, no entanto, sabemos que na maior parte dos casos a urgência fala mais alto.
Alguns números reforçam essa realidade. O Brasil triplicou o seu número de empreendedores entre 2007 e 2017, período que não necessariamente engloba a prosperidade financeira. Segundo a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), aliás, houve um aumento considerável de empresas abertas por pessoas que estavam sem emprego. Desespero? Talvez.
Outro dado que corrobora com o crescimento do número de freelancers por necessidade é de abertura de empresas no formato de microempreendedor (MEI). Segundo dados do Serasa Experian, a cada dez segundos uma empresa MEI é aberta no país. Os microempreendedores já correspondam a mais de 80% do total de empresas brasileiras. Apenas como comparação, em 2010 esse número não atingia sequer 50%.
Vale lembrar ainda que o formato de MEI é o ideal para quem está começando em uma carreira independente. Ao mesmo tempo, pode indicar que há uma quantidade grande de pessoas buscando por esse caminho — e nem sempre de maneira estruturada.
Quais os principais desafios de um freelancer por necessidade?
A grande questão de começar a trabalhar como freelancer por necessidade, como já vimos, é a aceleração de um processo. Na falta de renda, essa acaba por ser a primeira solução e, como consequência, algumas etapas são queimadas, gerando dificuldades adicionais nos primeiros passos.
Uma das mais clássicas é o posicionamento no mercado. Existem diferentes tipos de clientes para prestação dos seus serviços. No entanto, pela pressa, bons profissionais acabam cobrando preços baixos e se posicionando para clientes que não valorizam o seu trabalho. No longo prazo, isso acaba sendo decepcionante.
Além disso, outras questões também acabam sendo prejudicadas nesse modelo. É o caso, por exemplo, da falta de organização para vender o seu peixe (como um bom portfólio e uma apresentação profissional da sua proposta) e da preparação psicológica para lidar com os altos e baixos de uma opção de carreira que não garante valores mensais fixos.
Como evitar os erros do freelancing por necessidade?
Embora realmente seja atípico que o freelancer iniciante seja fruto de uma mudança estruturada na carreira, esse seria o caminho mais recomendado. A necessidade de buscar uma nova fonte de renda acaba pulando etapas que, em muitos casos, acaba desanimando quem tem perfil e potencial para trabalhar desta maneira.
Para driblar esses desafios do freelancer por necessidade, o ideal é estruturar a transformação. Tente, na medida do possível, começar a atuar de maneira independente sem necessariamente abrir mão do emprego tradicional. Além disso, criar fontes de renda passiva ajudam a criar uma maior estabilidade.
O home office tem sido cada vez mais aceito pelas empresas. Se surgir a oportunidade, é mais uma forma de testar o seu perfil para trabalhar sem chefe e, muitas vezes, sem um horário tão regrado quanto no formato presencial. A mudança pode perfeitamente começar deste ponto.
Por tudo isso, ainda que o seu caso, tente se preparar. Um freelancer por necessidade precisa dar ainda mais atenção ao planejamento de cada ação para evitar que tudo isso vire uma grande dor de cabeça.
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